quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Aeroporto da Portela tanto pode esgotar-se dentro de três anos como dentro de treze

A avaliação económica a um investimento de grande envergadura como é um aeroporto revela-se difícil de fazer caso essa análise recaia apenas nas previsões de evolução de tráfego. Isto porque o dinamismo que tem revelado o sector, com o advento de companhias como as low cost, que assentam num inovador modelo de negócio, e cujas taxas de crescimento ninguém conseguiu prever, tem trazido grandes alterações a um sector que, desde sempre, primou por desvios constantes às previsões efectuadas. Desde que a localização do novo aeroporto de Lisboa começou a ser estudado (os estudos começaram em 1969!) acumularam-se previsões e perspectivas, algumas das quais a actualidade revelou como sendo fantasiosas.
A projecção de tráfego da TAMS/Profabril de 1982 (que fez previsões a 25 anos) apontava para 23 milhões o número de passageiros a passar pela Portela em 2010; a projecção da IATA de 1992 (a 15 anos) apontava que, no ano de 2007, o aeroporto de Lisboa receberia 10,8 milhões de passageiros; os valores apresentados pela Parsons em 2002, com projecções a cinco e a 13 anos, apontavam, respectivamente, para 12,7 milhões de passageiros em 2007 e 16,8 milhões de passageiros em 2015. A verdade é que nenhuma destas projecções, reparam os autores do estudo encomendado pela ACP, contabilizou os passageiros das companhias low cost, e que representam o segmento com maior taxa de crescimento.
Estima-se que pelo Aeroporto da Portela passem este ano 13,4 milhões de passageiros - um valor "claramente abaixo das projecções realizadas até 1998 e ligeiramente acima, mas muito aproximado, das projecções realizadas a partir de 1999", concluem os autores do estudo.
O dinamismo do sector da aviação - com o advento de novos modelos de negócio como as low cost - e as anunciadas fusões, aquisições e parcerias entre empresas estão a redesenhar o sector de uma forma cujo desfecho é ainda imprevisível.
O embate concorrencial que está a ser protagonizado pelas companhias de baixo custo e as companhias tradicionais, e destas entre si, pode trazer alterações de relevo nas carreiras de curto, médio e longo curso. E agrava as dificuldades em projectar acertadamente a forma como vai evoluir o tráfego no aeroporto de Lisboa, e quando é que ele vai esgotar: tanto pode ser em 2010, como em 2020.
A Portela está a receber actualmente um investimento de 380 milhões de euros que, em 2010, a dotarão da capacidade de receber anualmente 18 milhões de passageiros. A manter-se a actual tendência de evolução de tráfego, a Portela poderá esgotar-se em 2013, ou mesmo antes, se o tráfego das companhias de baixo custo continuar a disparar.
A transferência do tráfego low cost para um aeroporto complementar vem assim, segundo os autores do estudo, evitar duplamente que se destruam recursos económicos escassos. Por um lado, passa a ser possível rentabilizar os 380 milhões de euros que estão a ser investidos na Portela, uma rentabilização que seria impossível caso o aeroporto fosse transferido para a Ota passados sete anos; por outro lado, evita o recurso a soluções provisórias, cujo custo não está quantificado, caso a Portela venha a esgotar-se em 2013, ainda antes do novo aeroporto estar concluído. Luísa Pinto

Fonte: PÚBLICO, 28.11.2007

1. Explica como o redesenho dos modelos de negócio, passando designadamente pelas novas parcerias, aumentam a incerteza ao nível da previsão da actividade económica.
2. Refere-te às consequências desta maior incerteza sobre o planeamento das actividades logísticas.
3. Comenta o conceito de gestão da network logística e o recurso intensivo a informação digitalizada, integrando-os na lógica de racionalidade financeira que as empresas prosseguem.

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